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Marisa I Soster Sartori

EJACULAÇÃO PREMATURA (PRECOCE)


A Ejaculação Prematura (Precoce) é considerada um dos transtornos mais comum e frequente que afeta os homens em alguma fase da vida. Esse transtorno deve ser cuidadosamente diagnosticado por um profissional especializado (Urologista) para descartar causas de aspectos orgânicos e/ou físicos. As causas de origem psicológica podem ser tratadas com sucesso por Psicólogo especializado em sexualidade.

Homens com ejaculação precoce e suas parcerias preocupam-se com o prejuízo da intimidade, com a satisfação da relação íntima, com o impacto emocional e as consequências para o relacionamento.

O principal problema para o homem é a sensação de não ter o controle sobre a ejaculação, associado a curta duração do ato sexual e o tempo entre a penetração e a ejaculação, o que gera menos satisfação e mais sofrimento associados a atividade sexual (ABDO, 2021).

A mesma autora supracitada aponta que a ejaculação precipitada é comum a um terço dos homens. Entre eles, apenas cerca de um em cada dez se incomoda o suficiente para procurar tratamento profissional. A busca por tratamento vem crescendo na medida em que as mulheres vão se tornando mais exigentes e experientes, sendo que também se observa a exigência nos relacionamentos homossexuais.

A Dra Abdo (2021, p. 102) aponta que dentre os transtornos sexuais, a ejaculação precoce é a disfunção sexual masculina mais frequente, a qual ocorre a incapacidade do homem em controlar a ejaculação e o orgasmo até que ambos os parceiros possam usufruir uma relação sexual satisfatória. “Atinge tanto jovens sexualmente inexperientes quanto homens mais velhos que não foram acometidos na juventude”.

A duração média do intercurso sexual (da penetração ao orgasmo) é de cerca de cinco minutos, o que geralmente satisfaz o casal. Essa duração pode várias consideravelmente ao longo do tempo em um único relacionamento: às vezes, a ejaculação ocorre em segundos, às vezes após cinco ou mais minutos ou depois de período muito longo. Contanto que seja satisfatório para ambos, não deve ser entendido como um problema (ABDO, 2021, p. 102).

A ejaculação precoce pode ser afetada pelos relacionamentos e pelas influencias socioculturais. Abdo (2021) aponta que o homem por medo de não ter uma performance excepcional fica constrangido e sofre com o problema. Para alguns homens o sexo significa penetração, intercurso e orgasmo, tanto dele como de sua parceria. Assim para não ter ejaculação rápida acabam evitando beijos, afagos e caricias durante a relação íntima. Eles passam a se concentrar somente na duração, desconsiderando o prazer das preliminares ou de tudo mais que compõe a relação. Eles supõem que a parceria tenha o mesmo foco e muitas vezes nem imaginam que não compactue dessa preocupação, por estar mais interessadas nos demais aspectos da atividade sexual.

Várias pesquisas apontam que para as mulheres o sexo significa compartilhar intimidade, uma conexão emocional, que vai além da física. Para algumas mulheres as preliminares, carícias mútuas e abraços são mais prazerosas do que o intercurso, é uma demonstração de proximidade e afeto.


Etiologia/Causa:

Biológicas ou emocionais, outros estressores importantes como do relacionamento e por efeitos de alguma substância, devendo ser avaliado por um especialista na área.


Sintomas (DSM-5, 443):

  • “Padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre durante a atividade sexual com parceira dentro de aproximadamente 1 minuto após a penetração vaginal e antes do momento desejado pelo indivíduo”;

  • Estes sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses, devem ser experimentados em quase todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100% das vezes) e causar sofrimento clinicamente significativo para o homem. E não ser causada por outros fatores psicológico e biológico;

  • Pode ser desde início da vida sexual ou adquirido; pode ainda ser generalizada ou situacional.

  • A ejaculação é:

o Leve quando ocorre dentro de 30 segundos a 1 minutos após a penetração vaginal;

o Moderada quando ocorre aproximadamente dentro de 15 a 30 segundos após a penetração;

o Grave quando ocorre antes da atividade sexual, no início ou dentro de 15 segundos após a penetração vaginal.

Quando ocorre acima de um minuto não é considerado ejaculação precoce segundo os critérios DSM-5, no entanto, pode ser considerado pelo paciente. Importante é buscar ajuda especializada. Avaliação de Urologista é importante para descartar possíveis causas orgânicas.


Tratamento

O tratamento, quando não inclui fatores orgânicos, conforme Rodrigues Junior (2017), Abdo (2021), Ahlert (2019), Cavalcanti e Cavalcanti (2012) é realizado através de psicoterapia e educação sexual com sessões individuais e/ou de casais. As sessões incluem:

  • focar nos efeitos da experiência precoce e do condicionamento sexual;

  • melhorar as percepções e sentimentos;

  • melhorar a comunicação entre os parceiros;

  • aumentar as habilidades sexuais;

  • reduzir a ansiedade.

São utilizadas técnicas terapêuticas, dentre elas exercícios para o controle ejaculatório, associado a atividade sexual com foco no prazer da intimidade e não na performance. A exploração da experiência da ejaculação, crenças, mitos, tabus envolvidos, histórico de vida e aprendizagem podem interferir e agravar o problema. Os resultados do tratamento serão mais satisfatórios quando realizados também com o casal.

“Homens com ejaculação precoce podem intencionalmente apressar a relação sexual por medo de perder sua ereção prematuramente e ejaculam, com brevidade” (AHLERT, 2019). A frequência deste comportamento, tem efeitos significativos sobre a qualidade de vida do homem e para sua parceria. O tratamento com o casal é focado na valorização das percepções e sentimentos dos cônjuges, isso possibilita melhorar a comunicação, aumentar as habilidades sexuais e a autoconfiança do indivíduo, reduzindo a ansiedade associada a atividade sexual.

Abdo (2021, p. 106) menciona que o tratamento deve ser realizado com terapia sexual, medicamentos ou a combinação de ambos. “Qualquer que seja o tratamento, é importante dar atenção aos fatores relacionais, não focando apenas em entender o tempo para a ejaculação”.

A ejaculação precoce, de acordo com Abdo (2021), muitas vezes é um problema do relacionamento, embora raramente é discutida pelo casal, a mulher por temer ser inconveniente, enquanto homem por se sentir constrangido ou por achar que o problema é temporário ou ainda por pensar que não tem tratamento. Ambos acabam sofrendo principalmente quando há pouca comunicação entre eles.

A maior parte dos homens considera-se rápido e busca soluções que resolvam a situação com a maior brevidade. Existem algumas técnicas que podem ajudar a melhorar as queixas e que requerem treino e foco. Todas, porém, têm como ponto básico fazer com que o indivíduo se concentre nas sensações pré-ejaculatórias, para identificá-las com clareza e dessa forma aprender a exercer controle voluntário sobre o mecanismo da ejaculação. “O importante é que o indivíduo aprenda a reconhecer os sinais do orgasmo iminente, para saber evitar a ejaculação intempestiva” (CAVALCANTE; CAVALCANTI, 2012).

Se você se deparar com os sintomas supracitados, uma consulta com especialista é indispensável para avaliar as possíveis causas, para isso, encarar o problema de forma adequada e inclusive com a participação da parceria pode contribuir para o tratamento, além de fornecer informações importantes ao especialista, possibilita identificar e afastar outras dificuldades sexuais do casal.

A comunicação é um dos ingredientes mais importantes para a resolução da dificuldade, mas é importante que se avalie corretamente as queixas e que se recorra a um acompanhamento para trabalhar as crenças que estão na base também da ejaculação rápida.


REFERÊNCIAS


ABDO, Carmita. Sexo no cotidiano: atração, sedução, encontro, intimidade. São Paulo: Editora Contexto, 2021. 160 p.


AHLERT, Bárbara. Ejaculação precoce. Inteligência erótica, Porto alegre, 2019. Disponível em: https://inteligenciaerotica.com.br/ejaculacao-precoce/. Disponível em: jul. Acesso em: 19 jul. 2021.


CAVALCANTI, Ricardo; CAVALCANTI, Mabel. Tratamento clínico das inadequações sexuais. 4.ed. - São Paulo: Roca, 2012.


Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014, 948 p.


RODRIGUES JUNIOR, Oswaldo Martins. Disfunções sexuais masculinas. In: DIEHL, A.; VIEIRA, D. L. Sexualidade: do prazer ao sofrer. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017.



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