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Marisa I Soster Sartori

EJACULAÇÃO RETARDADA


A ejaculação retardada é definida como uma inibição específica do reflexo ejaculatório, ou seja, dependendo da gravidade o homem que sofre deste problema responde aos estímulos sexuais com sensações eróticos, mas tem dificuldade ou é incapaz de ejacular dentro da vagina.

A característica particular da ejaculação retardada é o retardo acentuado ou incapacidade de atingir a ejaculação. O homem relata dificuldade ou incapacidade para ejacular, a despeito da presença de estimulação sexual adequada e do desejo de ejacular, geralmente esse tipo de queixa envolve atividade sexual com parceira.

O diagnóstico é realizado a partir do relato do próprio homem. “A definição de “retardo” não apresenta limites precisos, tendo em vista que não há consenso sobre o que seria um tempo razoável para atingir o orgasmo ou o que é um tempo inaceitavelmente longo para a maioria dos homens e para suas parceiras sexuais” (DSM-5).

Cavalcanti e Cavalcanti (2012) apontam que mesmo com grande excitação sexual o homem inibe a liberação do reflexo ejaculatório, ocorre um hipercontrole e nessa condição o indivíduo é incapaz de ejacular dentro da vagina, no entanto, nas práticas masturbatórias a ejaculação ocorre normalmente.

A dificuldade de ejaculação ou ausência, é muito pouco estudada, compreendida e tratada, pois pode ser vista como algo positivo em primeiro momento, mas ao longo de um período causa sofrimento e desconforto, não só ao homem, mas também a parceria.


Sintomas

Qualquer um dos sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas as ocasiões, ou seja, 75% a 100% da atividade sexual com parceria, em contextos situacionais ou, se generalizada em todos os contextos, sem que o indivíduo deseje o retardo da ejaculação.

  • Retardo acentuado na ejaculação;

  • Baixa frequência marcante ou ausência de ejaculação.

Os sintomas devem persistir por um período mínimo de 6 meses, causar sofrimento clinicamente significativo ao indivíduo, não ser causada por outro fator psicológico, relacional, ou por efeito de alguma substância/medicamento ou outra condição médica.

A ejaculação retardada, pode ter sido adquirido ou surgido já no início da vida sexual. Ainda, pode ser generalizada: ocorre em todos os tipos de estímulos, situações e parceria; ou ser situacional: ocorre com determinados estímulos, situações e parceria. Quanto a gravidade, é evidenciada de acordo com a gravidade do sofrimento em relação aos sintomas: leve, moderada ou grave (DSM-5, 2014, p.424).

Além dos subtipos ao longo da vida ou adquirido e generalizado ou situacional, é importante considerar os cinco fatores a seguir durante a avaliação e o diagnóstico de ejaculação retardada, tais fatores podem ser relevantes para a etiologia e tratamento:

  • Fatores relacionados à parceira, como: problemas sexuais; estado de saúde;

  • Fatores associados ao relacionamento: ex., comunicação inadequada; discrepâncias no desejo para atividade sexual;

  • Fatores relacionados a vulnerabilidade individual: imagem corporal negativa; história de abuso sexual ou emocional; comorbidade psiquiátrica, como: depressão, ansiedade ou estressores; perda de emprego, luto;

  • Fatores culturais ou religiosos: inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes em relação à sexualidade.

Fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. Cada um desses fatores pode contribuir de maneiras distintas para os sintomas apresentados por diferentes homens com esse transtorno (DSM-5, 2014, p.425).

Exames com Urologista são importantes para descartar possíveis causas orgânicas.


Etiologia – causas

Ahlert (2019) aponta que é comum o homem com a masturbação atingir o orgasmo/ejaculação, no entanto, alguns indivíduos são incapazes de ejacular na presença de parceira/o, isso significa uma possível etiologia com base psicológica. Muitos fatores podem estar associados a esse transtorno, como por exemplo:

  • Medo ou ambivalência quanto a gravidez e a fertilidade;

  • Raiva ou hostilidade na dinâmica do casal;

  • Medo da perda do controle, receio ou abandono e de rejeição;

  • Inclinações parafilicas e preocupações em contaminar a parceria;

  • Inadequada estimulação erótica, pode levar a uma dificuldade de ejacular;

  • Ansiedade de desempenho também pode ser a causa da disfunção, questões religiosas, educação rígida e antecedentes de abuso sexual na infância.

Diehl (2017) assinala que as causas podem ser biológicas, o uso de medicamentos, diabetes melito ou uma cirurgia pélvica recente. Também podem estar implicados os fatores psicológicos, tais como: situações relacionadas a parceria, morbidades psiquiátricas e medicamentos para tais condições, prévio abuso sexual, entre outros.

Cavalcanti e Cavalcanti (2012) atribuiu causas variadas a essa condição, dentre elas:

  • Causas orgânicas: alguns medicamentos, uso de substâncias, certas intervenções cirúrgicas, lesões da medula, certas enfermidades do sistema nervoso, entre outras;

  • Psicogênicas: educação sexual castradora, hostilidade e rejeição pela parceria, dificuldade de se entregar de forma afetiva e sexualmente, religião, medo exagerado de engravidar a parceira, entre outras.

Tratamento

Quando não inclui fatores orgânicos, o tratamento é realizado através de psicoterapia sexual individual ou de casal, pois a maioria não tem dificuldade em iniciar ou manter a ereção, mas apesar disso, apresentam baixa satisfação sexual, com grande ansiedade associada a essa condição. Assim, é indicado o tratamento com o casal, pois a parceira/o pode ter um papel importante em fazer o homem sentir-se confortável, relaxado, desejado, auxiliando-o no incremento das fantasias, entrega e erotização.

Este transtorno deve ser cuidadosamente diagnosticado por um profissional na área da Sexualidade, Psicólogo especializado, Terapeuta Sexual, Sexólogo. Para descartar causas biológica deve ser avaliado por um Urologista. Sendo diagnóstico origem psicológica pode ser tratada com sucesso por um Psicólogo especializado.


REFERÊNCIAS


AHLERT, Bárbara. Inteligência erótica, Porto alegre, 2019. Disponível em: https://inteligenciaerotica.com.br/ejaculacao-retardada/. Disponível em: jul. Acesso em: 19 set. 2021.


CAVALCANTI, Ricardo; CAVALCANTI, Mabel. Tratamento clínico das inadequações sexuais. 4.ed. - São Paulo: Roca, 2012.


DIEHL, Alessandra. Tratamentos medicamentosos das disfunções sexuais masculinas. In: DIEHL, A.; VIEIRA, D. L. Sexualidade: do prazer ao sofrer. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017.

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