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Marisa I Soster Sartori

O DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA


Considerando que a sexualidade faz parte do ser humano desde seu nascimento até sua morte, muitas queixas que envolvem dificuldades na sexualidade de jovens e adultos estão relacionadas a traumas ou marcas negativas que as pessoas absorvem do seu histórico ou vivenciam no desenvolvimento da sexualidade na infância e na adolescência.


A adolescência, mais do que mero estágio da transição entre a infância e a idade adulta, é uma etapa evolutiva peculiar ao ser humano, na qual culmina o processo de maturação biopsicossocial do indivíduo. Os aspectos biológicos, psicológicos, sociais ou culturais do adolescente são indissociáveis, e é o conjunto dessas características que dá unidade ao fenômeno da adolescência. (TAVARES et al., 2017).


Na adolescência surgem os caracteres sexuais secundários e ocorre o amadurecimento gonadal, que possibilita a plena execução da função reprodutora, ou seja, o desenvolvimento da sexualidade é acentuado em virtude da ação hormonal. “A vida sexual alcança sua expressão plena incluindo a reprodução, e esse conjunto muda definitivamente a cabeça e a vida dos indivíduos.” (TAVARES et al., 2017). Ahlert (2021) aponta que é mais do que mero estágio de transição entre a infância e a idade adulta, a Adolescência é uma etapa evolutiva peculiar do ser humano, na qual culmina o processo de maturação biopsicossocial do indivíduo.

Conforme Tavares et al. (2017), “Nessa etapa, a maioria dos indivíduos começa a explorar sua sexualidade e a ter relacionamentos sexuais.”

Os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais do adolescente são indissociáveis, não tem como separar essas experiências e é o conjunto dessas características que dá unidade ao fenômeno adolescência. Na adolescência ocorre um boom hormonal e emocional (AHLERT, 2021).

As questões históricas e da infância influenciam significativamente na sexualidade do indivíduo, assim como as que ocorrem na fase da adolescência, entre elas: a imagem corporal, autoestima, bullying, a primeira experiência sexual, que repercutem na sexualidade depois na adultez.

Segundo Tavares et al. (2017), “A iniciação sexual entre adolescentes masculinos costuma ocorrer mais precocemente do que no sexo feminino.”

No entanto, Fontana, Guadagnin e Diehl (2017), assim como outros diversos estudos, apontam que os seres humanos somente estão totalmente conscientes e preparados para o ato sexual, de modo saudável, natural e pleno, no início da vida adulta.

Por definição da Organização Mundial da Saúde, a adolescência acontece entre os 10 e 19 anos. A OMS descreve o funcionamento do desenvolvimento sexual do adolescente, dividindo-o em três períodos:

  • Adolescência inicial (Puberdade): 10 aos 14 anos

Período da puberdade, estágios de maturação sexual, em que ocorre o desenvolvimento dos genitais, mamas e crescimento de pelos púbicos.

Os meninos voltam-se à descoberta do próprio corpo e das sensações que lhes proporciona.

Já as meninas aguardam com ansiedade a menarca (Primeira menstruação).

Pode-se dizer que a ejaculação e a menstruação introduzem os jovens na sexualidade, é como se eles estivessem preparados para começar a vivenciar a sexualidade de modo diferente da fase da infância.

A masturbação auxilia no desenvolvimento das zonas erógenas, encaminhando o jovem para o prazer genital, além de exercer a função de atividade preparatória para as relações sexuais, favorecendo o trabalho mental de antecipação com vistas a posterior aproximação do parceiro real. É a fase da experimentação, fase inicial da adolescência (AHLERT, 2021).

  • Adolescência média: 14 aos 17 anos

Prevalecem as primeiras experiências amorosas e sexuais para afirmação masculina ou feminina. Começa a aprender a lidar com seu corpo, afetos e desejos, pois se sente pouco habilitado a controlar seus impulsos, precisa aprender a controlar e treinar o controle dos impulsos. Contesta os pais e a sociedade em busca de autoafirmação.

O adolescente nessa etapa confronta também para buscar a diferenciação dele com a família de origem, ou seja, ele vai dizer que o ambiente familiar não é tão bom e precisa sair para buscar o que faz sentido para ele. É um período de muitas aprendizagens, físicas, biológicas, neurológicas e emocionais.

  • Adolescência final: 17 aos 20 anos

O cérebro nesse período está no final do processo de amadurecimento.

Na adolescência final a principal tarefa é a escolha de um parceiro, reconhece a necessidade de outro para a vida sexual adulta, os genitais assumem primazia na vida sexual, enquanto que as zonas erógenas são importantes para preliminares.

Estabelece uma identidade sexual, de relações afetivas estáveis e da aquisição de um sistema de valores pessoais, constituição da moral própria, que pode ser aprendido na família ou fora.


O Desenvolvimento da Sexualidade na Adolescência – Principais cuidados:

  • Iniciação sexual: Geralmente, os meninos são mais precoces.

Antigamente a educação sexual tinha algumas formas: revistas, filmes pornográficos, os pais contratavam uma profissional, etc., formas que muitas vezes gerava prejuízos na vida sexual na adultez. Hoje essa iniciação sexual está muito ligada à tecnologia e isso pode trazer alguns prejuízos, como, por exemplo, o vício em pornografia, que está cada vez mais frequente, porque iniciam a vida sexual sem uma vivência com o outro ou parceria, estabelecendo uma relação doentia com a questão da tecnologia, o que pode se tornar em um vício de masturbação e em pornografia, trazendo muitas consequências na vida sexual (AHLERT, 2021).

  • Gravidez na adolescência: 20% do total de crianças no Brasil são filhos de adolescentes.

Com o surgimento do anticoncepcional, poucos adolescentes fazem o uso de preservativo, eles pensam que ela serve para a prevenção de uma gravidez e não para a prevenção de doenças.

  • Doenças sexualmente transmissíveis: Uso de preservativo.

É bem comum quando a menina toma pílula pensar que não precisa usar camisinha e acaba não se protegendo das doenças sexualmente transmissíveis.

Tavares et al. (2017) colocam que “A atividade sexual expõe o adolescente a situações que podem afetar sua saúde sexual e reprodutiva, como gravidez precoce, aborto, múltiplos parceiros, infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, entre outras.”

Houve um período nos anos 1990 em que se falava muito sobre usar o preservativo em razão do aparecimento da AIDS, nesse período, para se proteger, era preciso usar a camisinha, mas com o tratamento da AIDS os cuidados diminuíram. Dessa forma, é muito comum hoje os adolescentes não usarem a camisinha, eles pensam que ela serve para a prevenção de uma gravidez e não para a prevenção de doenças, pensam que não vão contrair doenças, entre elas: Sífilis, Gonorreia, HPV e a AIDS.

É muito importante trabalhar com a educação sexual dos adolescentes, para que eles voltem a usar a camisinha, se protejam dessas doenças, previnam uma gravidez indesejada e vivam a sexualidade de forma segura e saudável.

Na minha experiência como psicoterapeuta sexual é comum ouvir que o preservativo prejudica ou exacerba as dificuldades sexuais, mas o problema não é a camisinha, a questão é outra. A psicoeducação e a terapia sexual são importantes para trabalhar essas questões.

Sabe-se que o cérebro no adolescente está em desenvolvimento e termina seu desenvolvimento em torno dos 20 anos de idade. Hoje em virtude dos variados estímulos, informações e acessos às redes sociais, os adolescentes estão entrando cada vez mais cedo na adolescência, é importante ter cuidado com a educação sexual a fim de não acelerar esse processo.


Referências


BÁRBARA, Juliana Ahlert. Curso psique: desenvolvendo os protocolos de atendimento da intimidade humana. Apostila 1. Porto Alegre: Inteligência Erótica, 2021.


FONTANA, Maria Aparecida Nunes; GUADAGNIN, Fernanda; DIEHL Alessandra. Sexualidade na infância. In: DIEHL, A.; VIEIRA, D. L. Sexualidade: do prazer ao sofrer. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017.


ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Sexual and Reproductive Health. WHO, 2006. Disponível em: https://www.who.int/teams/sexual-and-reproductive-health-and-research/key-areas-of-work/sexual-health/defining-sexual-health. Acesso em: 07 dez. 2021.


TAVARES, Beatriz Franck et al. Sexualidade na adolescência. In: DIEHL, A.; VIEIRA, D. L. Sexualidade: do prazer ao sofrer. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017.

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   Psicóloga Marisa I Soster Sartori 

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