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Marisa I Soster Sartori

TRANSTORNO DE ORGASMO FEMININO

Atualizado: 10 de jan. de 2021

Disfunção sexual ou falta de orgasmo, a anorgasmia, segundo Ambrogini, Lordello e Zaneti (2017, p. 246) “[...] é uma disfunção caracterizada pela ausência recorrente ou persistente de orgasmo após uma fase normal de excitação, com estimulação adequada em termos de foco, intensidade e duração”. A literatura sugere que a disfunção ocorre devido a fatores biológicos, psicológicos, sociais e ou culturais que traz prejuízos individuais, ao casal e indiretamente a família, alterando o ciclo de resposta sexual, o que causa desconforto e insatisfações sexuais.

O ciclo de resposta sexual foi amplamente estudado por W. Masters e V. Johnson, nos EUA, desde 1954 até final de 70, eles revolucionaram as pesquisas e tratamentos como comportamental-cognitiva, mais 10000 casos atendidos e analisados em clínica especial para observação e experimentos sexuais; Resposta Sexual Humana (1966), a Conduta Sexual Humana, Vínculo do Prazer, entre outras.

Helen Kaplan, renovou a clínica da sexologia com A Nova Terapia do Sexo (1975), psicanalista, focando o desejo como fonte de transtornos como a anorgasmia feminina.

“O orgasmo é uma experiência psicofísica de curta duração, de 3 a 10s, mas de grande satisfação física e psíquica. A mulher pode levar 10 a 20 min para atingir um orgasmo durante a relação sexual, ou até menos de 4 min, se estiver suficientemente excitada” (AMBROGINI; LORDELLO; ZANETI, 2017 P. 247). Deve-se lembrar que o orgasmo é um estado crescente de excitação sexual, portanto, as preliminares são essenciais para obter uma resposta sexual satisfatória.

Até o final do século XIX, o orgasmo era um comportamento indesejável para uma mulher decente da época, sendo que era permitido somente para os homens e prostitutas. A sexualidade para as mulheres era permitida somente para reprodução. O orgasmo hoje passou a ser desejável e considerado necessário a saúde.

A classificação da anorgasmia, segundo Ambrogini, Lordello e Zaneti (2017) pode ser:

  • Critério cronológico: anorgasmia primária (mulher nunca teve orgasmo); e secundária (mulher antes orgásticas, a partir de algum momento deixou de ter);

  • Critério fenomenológico: anorgasmia situacional (depende do parceiro ou da circunstância em que ocorre a falta de orgasmo); e a anorgasmia total (em que a mulher nunca sente orgasmo, independentemente do tipo ou da qualidade do estímulo).

Diversos fatores biológicos estão associados a anorgasmia, no entanto, a maioria dos casos de disfunção sexual, é uma interação entre os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. “Na anorgasmia, estão implicados diversos fatores psicossocial, como os fatores da infância, educacionais, de personalidade e fatores relacionais com a parceria (AMBROGINI; LORDELLO; ZANETI, 2017 P. 248).

A idade, crenças religiosas rígidas e inibições familiares da sexualidade também estão associados à anorgasmia. “Sentimento de culpa, vergonha, aflição, ansiedade pela vivencia da sexualidade acompanham a mulher por toda a sua história, com início na infância e se refletindo na pratica sexual adulta” (AMBROGINI; LORDELLO; ZANETI, 2017 P. 249).

Além disso, questões de relacionamento e a falta de comunicação entre os parceiros estão entre os fatores que leva à incapacidade feminina de atingir o orgasmo.

Divisão das queixas de anorgasmia segundo Rodrigues Junior e Zeglio (2001, P. 315):

  • Primários:

  • Nunca tiveram experiência de orgasmo;

  • Conseguem com masturbação ou manipulação clitoriana. Estas primeiramente precisam apreender a obter orgasmos com manipulação antes de serem orientadas para o coito.

  • Secundário:

  • Obtém orgasmo com manipulação clitoriana. Não obtém com o coito, com o movimento de penetração;

  • Mulheres que conseguiam orgasmos e deixaram de obtê-los em uma época especifica;

  • Mulheres que não conseguem orgasmos em determinadas circunstâncias ou determinadas pessoas.

TRATAMENTOS

“As principais intervenções baseiam-se na ação da farmacologia e da psicoterapia” (AMBROGINI; LORDELLO; ZANETI, 2017 P. 250).

As psicoterapias com enfoque na sexualidade são indicadas ao tratamento das disfunções sexuais, para tanto, primeiramente é realizado uma cuidadosa anamnese para identificar a etiologia da disfunção e descartadas todas as causas orgânicas.

O genograma, segundo McGoldrick (2012, p. 111) é um instrumento útil para entender sobre si mesmos e ao outro em um contexto cultural e sexual. Ajudará os pacientes “[...] a identificarem os valores com os quais cresceram e a reconhecerem como esses valores influenciam seus próprios valores, comportamentos e ansiedades referentes a sexo”.

A psicoterapia focada na sexualidade aborda técnicas comportamentais, e busca modificações cognitivas que produzem ou mantem as disfunções sexuais. A psicoterapia de casal é recomendada por ser um fator facilitador para a solução do problema sexual. As técnicas para tratamento psicológico abrangem educação sexual, treino de comunicação para trabalhar conflitos que levam aos sintomas, conteúdos simbólicos, investigação dos relacionamentos afetivos da infância e a interpretação das vivências marcantes da infância.

Utiliza-se exercícios comportamentais prescritos para realizar em casa. Dentre elas: masturbação dirigida (a mais utilizada para mulheres com anorgasmia primária). A técnica pode ser integrada a outras abordagens terapêuticas e ser adaptada a cada caso individualmente. Devem-se seguir etapas, que pode ser aplicada no consultório pelo terapeuta:

  • Background sexual: história, contexto e significado da sexualidade para o paciente. Durante a terapia é identificado as experiências sexuais do paciente. O toque, desejos, atividades sexuais na infância, puberdade, adolescência e na vida adulta. Rever se essa experiência pode ter sido influenciada, tanto positiva quanto negativamente, pela família, amigos, religião, e ou pela cultura;

  • Corpo e os geniais: tarefas de casa. Explicar ao paciente técnicas com auxílio do espelho para conhecimento corporal. Incentivar o toque e observação de sensações; exercícios Kegel; contração e relaxamento da musculatura pélvica. São técnicas para realizar em casa, para auxiliar na consciência e conexão com as áreas do corpo;

  • Exploração da excitação sexual: terapeuta orienta a mulher sobre o ciclo de resposta sexual. Prescreve tarefa de casa, a ser realizada pela exploração corporal por intermédio do toque, fantasias e vibradores;

  • Formas de inclusão do(a) parceiro(a): discutir com o paciente possível formas de comunicar ao(a) parceiro(a) sobre suas novas descobertas e como colocá-las em prática durante a relação sexual.

Para Rodrigues; Junior e Zeglio, 2001), no tratamento da anorgasmia, algumas orientações são direcionadas ao casal, pois em algumas técnicas a participação do parceiro sexual permite mais facilidade a introdução das “técnicas de focagem sensorial” e “manobra de ponte”. Outras técnicas podem ser orientadas em sessões individuais, sem a presença física do parceiro.

Técnicas gerais para tratamento de anorgasmia feminina, segundo Rodrigues Júnior e Zeglio, 2001):

  • Relaxamento (mulher buscar formas de relaxamento antes de apresentar as técnicas especificas);

  • Auto erotização: Os banhos dirigidos ao relaxamento e bem-estar podem permitir o reconhecimento das áreas erógenas e do prazer sensorial. (obs.: não genital);

  • Biblioterapia: Livros e textos sobre sexualidade (dez páginas por noite);

  • Masturbação: Técnicas masturbatórias são importantes, pois possibilita a mulher experienciar orgasmos sem a ansiedade da presença do parceiro. O autoconhecimento de suas necessidades e sensações físicas permite compreender o que acontece com seu corpo e melhorar a relação com seu parceiro.

  • Manobra de ponte.

Nas mulheres pré-orgasticas (aquelas que nunca experimentaram orgasmo), a primeira parte de tratamento deve consistir em exercícios para obter orgasmos pela erotização solitária. As que já tiveram orgasmo com manipulação clitoriana e vaginal, aplicarmanobra de ponte”.

Técnicas gerais para tratamento de anorgasmia feminina (CAVALCANTE, 2012, 158):

  • Anorgasmia total Técnicas principais: treinamento masturbatório; Manobra de ponte; Kegel. Outras técnicas: Coito não exigente; Treino assertivo; e técnicas que incrementam a excitação sexual.

  • Anorgasmia secundário (no coito): Coito não exigente; Kegel; e outras técnicas que incrementam a excitação sexual.


Agende uma consulta pelo telefone: (49) 99133 3701.

Marisa Ivete Soster Sartori

Psicóloga CRP-12/13681

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